Uma Luz Inesperada
![Uma Luz Inesperada](https://www.josesaramago.org/wp-content/uploads/2022/08/300x.jpeg)
E houve também aqueles dois gloriosos dias em que fui ajuda de pastor, e a noite de permeio, tão gloriosa como os dias. Perdoe-se a quem nasceu no campo, e dele foi levado cedo, esta insistente chamada que vem de longe e traz no seu silencioso apelo uma aura, uma coroa de sons, de luzes, de cheiros miraculosamente conservados intactos
Portugal
![Uma Luz Inesperada](https://www.josesaramago.org/wp-content/uploads/2022/08/300x-226x300.jpeg)
«E houve também aqueles dois gloriosos dias em que fui ajuda de pastor, e a noite de permeio, tão gloriosa como os dias. Perdoe-se a quem nasceu no campo, e dele foi levado cedo, esta insistente chamada que vem de longe e traz no seu silencioso apelo uma aura, uma coroa de sons, de luzes, de cheiros miraculosamente conservados intactos. O mito do paraíso perdido é o da infância — não há outro. O mais são realidades a conquistar, sonhadas no presente, guardadas no futuro inalcançável. E sem elas não sei o que faríamos hoje. Eu não o sei.»
Neste fragmento de A Bagagem do Viajante (1973), José Saramago recorda o dia em que foi ajudar o tio a vender porcos na feira. O reconto dessa experiência aparentemente comum espelha todo o seu poder narrativo, levando-nos para um mundo de deslumbramento que só a infância permite, e que Armando Fonseca ilustra na perfeição.
Brasil
![Uma Luz Inesperada](https://www.josesaramago.org/wp-content/uploads/2022/08/uma-luz-inesperada-234x300.jpg)
Um conto sobre o deslumbramento da infância — e como esses sentimentos continuam a ressoar na vida adulta –, escrito por um dos grandes autores de língua portuguesa.
Este texto foi publicado pela primeira vez no livro A bagagem do viajante (Companhia das Letras, 1996), com o título “e também aqueles dias”.